terça-feira, 29 de novembro de 2011

Por Causa das Loiras de Bigodes

Ó pá, Suposto.
Passo aqui pra te convidar pra conhecer um outro espaço onde vou escrever por uns tempos. É o Loiras de Bigodes. Diário, comentários, sobre as cervejas que vou descobrindo e bebendo aqui por Lisboa e arredores. Claro, tudo na minha opinião, sem conhecimento técnico e sem frescura que é como eu trato cerveja e acho que já deixei claro aqui. Passa lá e não fica com ciúmes das Loiras de Bigodes não. Continuo aqui também.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Por Causa do Deputado Confucinho



Como diria um amigo meu paulista, então, Suposto. Hoje, não vim escrever. Vamos de vídeo. Eis o clipe oficial do Hino Nacional proposto pelo Deputado Confúcio do Couto Meneghetti e Magalhães, no conto Sou brasileiro/Com orgulho/Dá-lhe, dá-lhe, do meu livro Azar do personagem. É só clicar e assistir.

domingo, 13 de novembro de 2011

Por Causa da Múmia

Falando antiguidades, como diriam os Titãs, não sei o que fazer, não sei o que pensar. Tava lendo um jornal português, quando descobri uma matéria aterradora que mexeu com minhas certezas e incertezas.

Diz assim a abertura do texto:

Um cancro na próstata com extensões ósseas e uma lesão com origem numa distensão foram encontrados nas múmias estudadas em Lisboa

Se alguém ficou em dúvida por causa da palavra cancro, esclareço toda a informação: minhas senhoras, meus senhores, suposto leitor, descobriram que uma múmia (na verdade um múmio) de 2.300 anos faleceu devido a um CÂNCER NA PRÓSTATA. Ainda tem a tal distensão que, óbvio, fez eu me perguntar se já havia sedentarismo na época, mas o mais acachapante foi o cancro, o câncer, bem ali, na próstata do Seu Múmio. Isso nos fazer pensar e querer concluir irresponsavelmente algumas coisas, não?

1 – Liberou geral o consumo de transgênicos? Diga lá, Suposto, já havia no antigo Egito, no supermercado, produtos transgênicos, refris e otras cosas más? Pergunto assim, porque fico pensando se naquela época em que tudo era orgânico, porque ainda não tinha a Bayer, o agrotóxico, os transgênicos, já tinha gente com câncer, será que liberou geral o tomate lipoaspirado e com bronzeamento artificial?

2 – Falando-se em modernidades, e o celular, que um amigo meu diz que não é bom carregar no bolso, muito perto ali das partes do sujeito, porque as radiações podem deixar a gente estéril e até com o famigerado câncer na próstata. Há 2.300 anos, quando o Seu Múmio perdia a hora num boteco a beira do Nilo com o Tutankamon e o Ramsés, por acaso, tocava na pochete dele o celular, com a Dona Múmia perguntando afinal de contas, que horas ele ia voltar pra pirâmide, que ela já estava indo pro sarcófago? Como diria um outro amigo meu, fica a pergunta.

3 – Ou, as pessoas que não gostam de falar sobre o nome das doenças, porque chama e dá azar, podem agora começar a cochichar sobre um tio, um vizinho: ele tá com a doença mais antiga do mundo, coitado. Ou melhor, o Mal da Múmia.

4 – Mas, sobretudo, pergunto-me sobre a relevância desse estudo que não deve ter sido barato (custou pelo menos uma observação da intimidade do Seu Múmio, o que é sempre caro pro observado). Mas sobre o estudo em si: essa descoberta serve de alerta? Visitemos, nós, homens, o proctologista antes de completar 2.300 anos, antes que seja tarde demais? Ou serve pra o movimento de defesa dos homens (existe isso?) embasar cientificamente os seus protestos contra a comunidade médica, alegando que é inadmissível o câncer de próstata estar há mais de 2 milênios entre nós e, nesses 23 séculos, a medicina não conseguiu ainda avançar do sarcástico exame do dedo pra detectar o tal cancro? Há anos e anos e anos (o trocadilho fica por conta do Suposto Leitor), mas há tantos anos, vocês, doutores, poderiam nos livrar do risco de, aos 40 anos, num rompante largar família, certezas e coleção de Playboys porque nos apaixonamos por um médico de dedos firmes e suaves. Poderão reclamar assim os eventuais defensores do masculinismo?

Não sei, não sei o que pensar. É um assunto delicado este. Quando se ultrapassa os 30 anos e começa a contagem regressiva pra primeira consulta com o proctologista – e o laser, o exame de ressonância quântica merecedores do Nobel de medicina e da paz de espíritos parecem cada vez mais distantes – esse tipo de notícia mete o dedo numa ferida ancestral (e bota ancestral nisso) do macho contemporâneo.

Mas se servir pra te animar um pouco, Suposto Leitor, acabo de reler a matéria e acho que temos boas notícias (tanto pro Seu Múmio, quanto pra nós): ninguém violou a castidade do Seu Múmio pra fazer essa inquietante descoberta científica. De acordo com o texto Após estes exames de tomografia, feitos sem se abrirem os sarcófagos e que permitiram reconstituir, a três dimensões, todo o corpo mumificado, foi diagnosticado a uma das múmias, com cerca de 2300 anos, um cancro na próstata. Viu só? Não precisou abrir nada, nem o sarcófago do cara. Não sei os outros, mas exigirei que meu proctologista tenha diploma do Museu Nacional de Arqueologia de Lisboa pra me examinar.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Por Causa da Sequela

“Frescura diária”. Eu leio isso todo dia aqui em Lisboa quando vou no super comprar uma carne, um frango, um vegetal não congelado. Tá escrito nas embalagens: frescura diária. No começo, eu até pensava qualé, tá me tirando? Depois veio uma breve aceitação reflexiosa: será uma coisa Pepeu Gomes, ser um homem feminino não fere o meu lado masculino, todo mundo tem que ter sua dose diária de frescura, homens também choram? Não, não é isso, e agora vou me acostumando com o pessoal do super me dizer que eu tenho uma frescura diária – ainda penso que eles podia dizer “alimentos frescos todos os dias” – mas vá lá, ser cosmopolita no tal mundo sem fronteiras é um pouco isso, aceitar as culturas, , ô, Suposto?

E tem que aceitar mesmo, porque no sábado, apesar da minha frescura diária, tive que dar o braço a torcer ao português² (, o português-português, duas vezes português). É que eu saí do cinema no sábado à noite questionando a minha arrogância, a minha autosuficiência, o escambau. Quem sou eu pra questionar como se fala a língua de Camões, justo na terra do Camões? Os sujeitos já falavam português muito antes do primeiro “terra a vista, o pá!” se avizinhar do Brasil brasileiro. Vamos combinar, Reginaldo, eles têm alguma experiência em escolher a palavra certa, a expressão correta pras coisas.

O Suposto deve estar se perguntando que filme que eu vi pra sair pensando essas coisas.

Não foi o filme não, Suposto Leitor. Foram umas curiosidades e pequenas informações cinematográficas que passam antes dos trailers, foi nesse momento que a ficha caiu. Tava eu olhando a tela e de repente leio a notícia de que a Universal Pictures pretende filmar de uma vez só as duas próximas sequelas de Velocidade Máxima e... Filmar o quê? Filmar as sequelas do Velocidade Máxima.

Tchê, não é continuação.

Nem sequencia (liguei pro Google pra confirmar se era sequela mesmo e não sequência)

E é sequela mesmo. Brilhantes minutos de sabedoria – e de ignorância minha que não conhecia os outros sentidos de sequela.

Mas já parou pra pensar? Então para: as continuações, esse pedaços, na maioria das vezes, defeituosos, essas pernas mancas, essas pelancas dos filmes originais, são muito mais sequelas do que sequencias. Sequência é um, dois, três, quatro, uma soma, a continuação natural das coisas. Ou seja, depois do supreendente De volta pro futuro, do grande Rock, de qualquer filme, se viesse uma sequência, como nós do senso comum entendemos a palavra, o que deveria vir é um acréscimo ao filme original, a continuação do êxtase, do maravilhamento. Mas a gente sabe que quase nunca é assim. Acréscimo na parte II, III, IV, em geral, só de dólares nos bolsos dos produtores, atores, diretores. E de paciência no nosso saco depois de mais uma vez termos pensamos “ah, vai que dessa vez a continuação é melhor”.

Pois então que palavra perfeita essa sequela portuguesa. Seria a maior descoberta de Portugal desde o Brasil? Não sei, mas ela diz tudo. Diz sim. Vai lá no Houaiss e confere. O Sexta-feira 13 XXIV, enquanto sequela, permanece sendo mais um filme que segue ao original. Mas, mais do que isso, sendo sequela em vez de sequencia, já é um aviso, um adesivo na carteira de cigarro, pro espectador: rapaz, esta é a sequela do Indiana Jones. Quer ir, vai, mas é a sequela. Sequelas incomodam, às vezes irritam, coçam, às vezes exigem remédios que dão sono.

Sequela. Grandissíssima palavra.

Penso inclusive em iniciar uma campanha: já que andaram fazendo o tal acordo ortográfico, então façamos algo positivo nessa história: adotemos, no Brasil, o uso da sequela.

SEQUELA JÁ!